A tradicional doceria La Folie irá apresentar doces artesanais multicoloridos, os quais serão inspirados no movimento tropicalista.
Movimento de ruptura que sacudiu o universo da música popular e da cultura brasileira entre os anos de 1967 e 1968. Esta pode ser uma das muitas definições sobre o que representou o movimento tropicalista em um Brasil, então, cercado por tanques de guerra, militares golpistas e, sobretudo, por artistas, profissionais liberais e jovens estudantes que desafiavam e/ou enfrentavam todo o sistema vigente. Para retratar parte deste período, a jovem curadora e produtora cultural Ana Di Romão, por meio do Coletivo Nosotros África, promoverá uma exposição batizada de Tropicalismo Hoje, nos próximos dias 13 e 14, no salão do bar Açaí, localizado na rua Augusta, na capital paulista.
A gastronomia se fará presente nos dois dias de evento. A tradicional doceria La Folie, especializada na criação de doces artesanais, irá apresentar brigadeiros, quindins, cupcakes, entre outras guloseimas, inspiradas na Tropicália. Para deleite dos aficionados por estes docinhos, todos serão comercializados durante o evento. “Quanto ao tropicalismo, nasci quase na metade dos anos 70, portanto, essa referência sobre o movimento e as canções só fizeram parte da minha vida nos anos 90. Mais como viver sem os versos lindos de Caetano ou sem toda a sonoridade de Gil? Levarei meus doces inspirados nas doçuras desses versos”, diz Stela Rodrigues, proprietária da La Falie.
Durante os dois dias de exposição, que terá entrada franca, o público poderá assistir, ao vivo, a performance do grafiteiro Consp, conhecida como live paiting. Ele fará uma homenagem às vítimas da ditadura militar, a maioria jovens torturados e, posteriormente, mortos pelo regime. Já o grafiteiro baiano Flops apresentará ao público obras que apontam a influência que a tropicália ainda exerce na cultura atual, seja na MPB, nos movimentos de protestos que recentemente ganharam eco em todo o país, seja na batidas do hip-hop. Por meio de seus traços, o grafiteiro responderá a seguinte questão: o que restou do tropicalismo entre nós?
A animação da galera que comparecer ao evento será garantida por Djs de peso. No dia 13 às 19h,Pedro Dubstrong, figura conhecida e cultuada na noite paulistana, trará um set com clássicos da MPB e muito hip-hop. Na sequência, o Dj MF, que acaba de chegar de uma turnê pela Europa, mostrará hits dos novos nomes da MPB e também do hip-hop. Já no dia 14 às 14h, o DJ João, jovem antenado e pesquisador de música, exibirá os mais recentes lançamentos da música eletrônica made in Brazil. O Stereo Royale, coletivo de Djs, fechará a programação com muito samba no pé.
“Ao idealizar este evento, gostaria de promover uma reflexão sobre a herança do movimento tropicalista, que surgiu sob a influência das correntes artísticas de vanguarda e da cultura pop nacional e estrangeira. O movimento foi capaz de misturar manifestações tradicionais da cultura brasileira à inovações estéticas. A Tropicália, ainda, conseguiu eternizar nomes da MPB, a exemplos de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Tom Zé e tantos outros”, diz Ana Di Romão, curadora e produtora da exposição. Apaixonada por capas de discos de vinil, Ana mostrará também na exposição os trabalhos mais representativos daquele período.
Perfil da curadora
Produtora cultural, estilista e prestes a conquistar o certificado de bacharel em direito. Com apenas 24 anos, a jovem Ana Di Romão respira arte e “movimentos sociais” desde o nascimento. Seu pai atuou como produtor artístico por muitos anos e sua mãe, advogada, há muitos anos milita em prol das causas que norteiam o universo feminino.
No início deste ano, a jovem fundou, em parceria com outros artistas independentes, o Coletivo Nosotros África, cujo objetivo é realizar atividades e eventos que promovam e preservem as raízes africanas do cotidiano brasileiro por meio da arte. Ao longo dos próximos anos pretende promover outros eventos, os quais retratem os momentos importantes da vida social e artística brasileira.